O ambiente como fator de equilíbrio

Humanização
O ambiente tem grande poder de influência sobre os colaboradores

“O ambiente afeta as pessoas de tal modo que não seria exagero dizer que a arquitetura é capaz de estragar ou melhorar a vida afetiva ou profissional de alguém”. Essa é uma das frases mais icônicas do filósofo Alain de Botton. Escritor do livro “A Arquitetura da Felicidade”, Botton é citado em diversas teses que defendem o impacto do ambiente construído na saúde e qualidade de vida das pessoas.

Sendo impossível falar sobre qualidade de vida sem falar sobre bem-estar e felicidade, é preciso entender que uma vida em harmonia, que preza pelo equilíbrio, precisa indispensavelmente considerar a dinâmica dos espaços físicos.

Mas será que é possível encontrar felicidade no trabalho? Ou é ilusão achar que o lado profissional pode se tornar um complemento do lado pessoal, contribuindo para a construção de uma vida equilibrada e, assim, mais saudável?

A busca pelo flow – O termo flow tem sido cada vez mais utilizado pelo mundo corporativo. Em tradução livre para o português, flow quer dizer “fluidez”.

É uma nomenclatura empregada por Martin Seligman (clique AQUI para assistir a uma palestra do especialista disponibilizada no canal do TED), um dos fundadores do movimento Psicologia Positiva. Segundo Seligman, o dito “estado de flow” ocorre quando há uma combinação exata e positiva entre o profissional e a atividade que ele está desenvolvendo.

Mihaly Csikszentmihalyi, que também está diretamente atrelado à Psicologia Positiva, afirma que quem encontra o “estado de flow” amplia seu bem-estar, sua criatividade e sua produtividade. E essa busca carece de desafios. Em sua obra “Flow: The Psychology of Optimal Experience”, o especialista afirma que ao contrário do que geralmente acreditamos, os melhores momentos da nossa vida não são passivos, receptivos e relaxantes, embora essas experiências também possam ser agradáveis se trabalharmos duro para alcançá-las. “Os melhores momentos ocorrem quando o corpo e a mente são levados ao limite em um esforço voluntário para realizar algo difícil e que valha a pena”, diz.

Para a coach Deborah Lima, o flow é diferente do prazer, pois o prazer é momentâneo, já o flow, duradouro. “Para experimentar o flow na vida, você precisa saber quais são os seus melhores pontos fortes, identificar os cinco mais importantes e, então, remodelar sua vida para usá-los ao máximo possível”, comenta em seu perfil no Instagram (@deborahlimacoach).

Arquitetura que transpira felicidade – Enquanto Seligman afirma que as pessoas devem sempre continuar em busca do flow; enquanto Botton reforça que o ambiente impacta positiva ou negativamente pessoas, temos também mais um grande nome da história trazendo informações sobre a felicidade que podemos aplicar na dinâmica de construção dos ambientes.

Sigmund Freud advertiu: “A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz”.

Se o conceito de felicidade está diretamente atrelado à individualidade – e os ambientes corporativos são ambientes coletivos –, como podemos fazer para criar projetos capazes de auxiliar as pessoas a encontrar a tão sonhada felicidade genuína?

Temos, na arquitetura corporativa, um conceito que pode ser um grande aliado deste objetivo. Hoje, o arquiteto que atua com a construção de ambientes de trabalho precisa ter grande empatia para captar quais são as necessidades e desejos pontuais dos profissionais a fim de tentar elaborar um espaço que atenda, de forma ampla, cada pequena demanda dos trabalhadores.

Ou seja, quanto mais flexível o ambiente, mais aberto a aceitar diferentes perfis ele estará. E quando mais aberto a aceitar diferentes personalidades, mais contribuirá com a construção da felicidade individual dos trabalhadores que, juntos, se transformarão em uma equipe satisfeita, motivada e produtiva.

Como construir um ambiente flexível?

Dê opções! Quando o colaborador tem, nas mãos, a chance de escolha, ele abraça a ideia de que a decisão é dele. Assume a responsabilidade sem culpabilizar o espaço. Portanto, construa um ambiente de trabalho no qual todos os profissionais tenham a chance de encontrar o local ideal para desenvolver suas atividades.

Isso significa: construir salas de reuniões de tamanhos diversificados (para duplas e para grupos grandes); disponibilizar locais para atribuições coletivas e colaborativas, como grandes bancadas com diversas posições de trabalho; fugir de um escritório totalmente voltado à formalidade das estações de trabalho para um local com múltiplos ambientes envolvendo arquibancadas, sofás, pufes, mesas altas para trabalho em pé, sofás com encosto alto, casinhas acústicas, entre outros; fortalecer a cultura da sociabilização investindo em salas de descompressão, locais para atividades físicas como ioga e até mesmo para sessões de meditação, e apostar em hortas comunitárias e refeitórios que estimulem a alimentação saudável.

Prezar pelo coletivo não significa ignorar as particularidades, mas sim conseguir conciliar dentro de um mesmo ambiente os interesses individuais e gerais. Temos diversos posts publicados no Espaço do Arquiteto que tratam da flexibilidade no ambiente de trabalho e de como isso contribui para a saúde dos colaboradores. Confira:

> No ambiente flexível, como fica a ergonomia?
> Ambientes flexíveis geram profissionais mais produtivos?
> Invista em flexibilidade – Números comprovam que é preciso diversificar
> Espaços privativos nos escritórios – Eles estão voltando
> Arquitetura corporativa – Foco em ambientes flexíveis

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