Com a pandemia de covid-19, a população como um todo passou a dar mais atenção à assistência à saúde e um dos temas que ganharam relevância foi o conceito de humanização. Um atendimento humanizado é composto por várias vertentes que transitam desde o processo de treinamento dos profissionais para receberem os pacientes até os detalhes que compõem o ambiente físico das instituições.
De acordo com o estudo “A humanização do ambiente físico hospitalar” dentro de edifícios hospitalares, a arquitetura pode ser um instrumento terapêutico se contribuir para o bem-estar físico dos pacientes ao criar espaços que, além de acompanharem os avanços tecnológicos, desenvolvam condições de convívio mais humanas.
“Quando consideramos a humanização das instituições de saúde, estamos falando em pensar todo o projeto arquitetônico sob a perspectiva do cliente. Como aquele paciente que busca atendimento médico quer ser recebido? Será que ele realmente gosta de ser atendido em um local com o layout padrão de um hospital? De sentar naquelas cadeiras desconfortáveis e aguardar sua senha ser chamada no painel? Ou preferia chegar, ser recepcionado e já ter sua entrada registrada em um ambiente mais aconchegante e confortável, que transmita sensação de bem-estar. Um espaço com aspecto mais similar à de um hotel do que de um hospital?”, questiona Lisandra Mascotto, da RS Design.
Um dos fatores que o estudo menciona é que a iluminação jamais deve ser pensada de forma separada do projeto de layout e da definição de cores e texturas do espaço. Como é inevitável utilizar iluminação artificial, o ideal é desde o início considerar a quantidade e a qualidade da iluminação. Interessante lembrar que, no Brasil, como vivemos em clima tropical, temos mais possibilidades de aproveitar a luz natural, mesmo que seja nos ambientes não assistenciais como as salas de espera.
Quando pensamos na definição de cores, é natural que imaginemos um hospital totalmente branco, com pequenos detalhes em tons verde ou azul. Esse é o tradicional ambiente de saúde, mas a realidade está mudando.
Não que essas cores não possam ser usadas (o estudo acima citado menciona, inclusive, que pessoas com problemas respiratórios se sentem mais à vontade em quartos azuis, visto que essa cor dá sensação de maior volume de ar), mas é possível trabalhar com mais atenção o conforto de outras tonalidades sem perder a sensação de limpeza e higienização.
Nessa hora, por exemplo, tons da natureza são muito bem tolerados. É a biofilia também fazendo parte da humanização hospitalar. Em uma visita ao Qatar pouco antes da pandemia de covid-19 estourar, Lisandra visitou o Sidra Medical and Research Center, um prédio moderno, feito de aço, vidro e cerâmica branca, que reflete o belo céu do Oriente Médio. Na parte interna, muita madeira e vegetação (clique AQUI para saber mais detalhes da arquitetura dessa instituição).
Como uma boa tendência, já começamos a observar esse tipo de mudanças e a inclusão de mobiliários com tons amadeirados e texturas e formas mais orgânicas nos espaços assistenciais do Brasil.
Por fim, notamos que o arquiteto e o designer envolvidos na elaboração de um projeto de layout hospitalar precisa estar bastante atento, já que hoje sabemos como o espaço físico impacta nossas emoções e nossa saúde, podendo auxiliar (ou atrapalhar) o processo terapêutico.