Uma notícia recentemente publicada pelo jornal Valor Econômico desperta a atenção dos profissionais de arquitetura e design de interiores que atuam principalmente com o setor corporativo: Mercado de escritórios se aquece com a volta ao trabalho presencial.
O texto traz detalhes de uma pesquisa realizada pela Colliers International que aponta uma absorção bruta de escritórios em 2023 na cidade de São Paulo de mais de 445 mil metros quadrados. Essa metragem é 17% maior do que a registrada no ano anterior.
Além do natural aumento de demanda por projetos corporativos que vem com a aquisição imobiliária, um ponto chama a atenção. Segundo a CEO da Colliers, Paula Casarini, em entrevista para o periódico, as companhias estão debatendo que tipo de espaço elas precisam para atender às necessidades da volta ao trabalho presencial. “Sabíamos que o que aconteceu na pandemia, com 100% das pessoas trabalhando em casa, não se sustentaria. O modelo gera perda de cultura organizacional e de inteligência coletiva, e a conta terminaria por chegar”, disse a executiva.
Mas o que será que essas empresas estão avaliando quanto ao tipo de espaço? Aqui temos uma análise dupla. De um lado, é preciso reconhecer que cada companhia tem sua cultura, suas demandas e seu perfil geracional e gerencial. Com isso, o melhor que o profissional de arquitetura e design tem a fazer é investir em uma boa conversa inicial para entender todos esses pontos e, assim, projetar um layout que vá ao encontro do que espera essa diretoria.
De outro lado, esse profissional pode assumir uma postura mais proativa, indicando, ao cliente, o que ele pode abraçar para ter um escritório ao mesmo tempo alinhado com a cultura corporativa e com as tendências ditadas pela neuroarquitetura.
Para estudar o que o mercado está buscando, a pesquisa traz mais uma informação importante: tecnologia, financeiro e investimentos, bem como saúde, indústria química e seguros são os setores que mais tem adquirido ou locado lajes corporativas na capital paulista.
A matéria do Valor Econômico lista detalhes de outra pesquisa relevante. O estudo, desta vez conduzido pela CBRE (empresa de serviços imobiliários comerciais) em 17 países com quase 10 mil trabalhadores e 7 mil executivos C Level, destaca que ter uma estação de trabalho fixa – o que vai na contramão dos projetos exclusivamente colaborativos – é fator motivador para a volta do trabalho presencial. Além disso, o diretor da CBRE, Felipe Giuliano, sugere um aumento na área por estação de trabalho de sete para 12 metros.
Sabemos que, hoje, os ambientes corporativos podem unir diferentes perfis a fim de atender às necessidades quase que individuais dos colaboradores. Com isso, é possível alinhar, junto ao cliente, uma estratégia para a definição de estações fixas de trabalho – nesse caso utilizar um espaço dedicado a esse segmento – enquanto disponibiliza bancadas compartilhadas e flexíveis para o uso aleatório.
Da mesma forma, a empresa pode ter locais mais individuais – como as cabines acústicas – em meio a espaços mais colaborativos, bem como cadeiras ergonômicas ao lado de pufes, banquetas, sofás e poltronas. Hoje em dia não é necessário ter um padrão rígido para ter um escritório alinhado às diretrizes da companhia. Com o mercado corporativo se transformando e necessitando de soluções cada vez mais inovadoras, a flexibilidade se destaca como o conceito principal nos projetos contemporâneos.
