Em março deste ano, o International Journal of Scientific Research in Engineering and Management publicou o estudo “Exploring the Influence of Neuroarchitecture on Human Behavior and Well-being”. Para quem atua com arquitetura corporativa, trata-se de uma leitura essencial e, por isso, decidimos trazer os principais insights aqui no Espaço do Arquiteto.
Por meio de uma revisão sistemática aprofundada, os pesquisadores mostraram como o ambiente construído afeta nossas emoções, cognição e até mesmo a saúde física, oferecendo caminhos valiosos para quem projeta espaços mais humanos e saudáveis.
Conhecimento histórico
Mesmo sem o apoio da neurociência, civilizações antigas como a grega e a egípcia já compreendiam, intuitivamente, a influência do espaço no comportamento. Os gregos, por exemplo, construíam templos de cura em meio à natureza, longe da agitação urbana, justamente por perceberem o poder restaurador desses cenários. Luz natural, simetria e proporção já eram utilizados para promover bem-estar.

Três frentes de análise
O estudo aponta três abordagens principais para entender o impacto do espaço sobre nós:
Geométrica – Utiliza conceitos como teomorfismo (proporções que evocam o sagrado) e antropomorfismo (simetria inspirada no corpo humano), criando ambientes mais harmônicos e acolhedores.
Sensopercepção – A neuroarquitetura mostra como iluminação, cores, texturas, acústica e aromas afetam diretamente o estado emocional, ativando regiões específicas do cérebro.
Bases filosóficas e psicológicas – A filosofia ajuda a explorar conceitos como beleza e ética no projeto. A psicologia investiga como os usuários percebem e respondem aos ambientes. Juntas, fornecem uma base conceitual para uma arquitetura mais centrada no ser humano.
Emoções à flor da pele (e do espaço)
Nossas emoções e até reações fisiológicas são moldadas pelos lugares que ocupamos. Mudanças no ambiente podem alterar o fluxo sanguíneo cerebral, impactando humor, atenção, memória, imunidade e até a capacidade de tomar decisões. Imagens cerebrais mostram que estímulos ambientais positivos e negativos ativam áreas diferentes do cérebro, como os lobos occipital e límbico, relacionados à sensação de bem-estar.

O que isso tudo nos ensina para a arquitetura corporativa?
O estudo traz achados muito úteis para quem projeta escritórios:
- Pé-direito alto estimula criatividade e percepção espacial; o baixo pode gerar desconforto.
- Salas excessivamente amplas reduzem a atenção e a memória; as mais compactas favorecem o foco.
- Ambientes silenciosos aumentam a concentração, enquanto ruídos constantes elevam o estresse.
- Sons da natureza têm efeito calmante; música pode até reduzir a pressão arterial.
- Vegetação abundante reduz a ansiedade e melhora o humor, e o tipo de planta também influencia.
- Texturas naturais, como madeira, reduzem a frequência cardíaca e melhoram o desempenho visual.
- Luz natural regula o cortisol e melhora funções cognitivas; diferentes tipos de luz artificial têm efeitos distintos no corpo e na mente.
Arquitetura que cuida
Esse estudo reforça algo que acreditamos profundamente na RS Design: o espaço de trabalho precisa ir além da funcionalidade. Ele deve promover saúde, bem-estar e conexões verdadeiras. É por isso que, ao lado de arquitetos e designers, buscamos criar ambientes que façam sentido para quem vive neles em todos os níveis: físico, emocional e cognitivo.
Afinal, arquitetura corporativa não é apenas sobre produtividade. É sobre pessoas.