Os ambientes construídos impactam nossas emoções e nossa sensação de bem-estar. Com a biofilia, a arquitetura aprendeu que garantir algum tempo de exposição à natureza é primordial para a saúde física e psicológica das pessoas. E essa percepção vem dominando projetos em diferentes espaços, desde as residências até os escritórios.
Recentemente, inclusive, um estudo científico de profissionais da saúde buscou entender qual seria o impacto da construção de um jardim em uma unidade hospitalar que cuidava de pacientes idosos com demência, ou seja, pessoas que tiveram declínio de suas habilidades mentais e perderam memória, capacidade de linguagem e de raciocínio.
A publicação descobriu que ter a chance de desenvolver algumas atividades ao ar livre – como caminhadas, avaliações médicas, desafios de equilíbrio e reabilitação – reduzia a ocorrência de comportamentos desafiadores por parte desses pacientes que, muitas vezes, viviam confusos e apresentavam episódios de agitação extrema.
Os benefícios foram notáveis e reconhecidos tanto pelos profissionais de saúde que ali trabalhavam quanto pelos familiares dos pacientes, que acreditaram que o espaço do jardim melhorou o bem-estar.
Aqui no Espaço do Arquiteto também repercutimos outra pesquisa. O texto, que pode ser acessado AQUI, traz um estudo da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, sobre como estar pelo menos dez minutos em contato com a natureza pode contribuir aliviando ansiedade, estresse e depressão.
Mas como poderíamos, nos projetos dos escritórios, permitir que os colaboradores utilizassem espaços ao ar livre para executar algumas atividades? E se a estrutura não tem nenhum local descoberto, como conquistar essa mesma sensação de bem-estar promovida pelos jardins, quintais, varandas e sacadas?
Um primeiro ponto que vale ser destacado é que esses locais já são comumente usados para as pausas. Mas porque não ampliar esse uso para, de fato, trabalhar? Esses seriam os chamados “escritórios outdoor“.
Confira, abaixo, quatro dicas que elaboramos na hora de planejar um espaço de trabalho ao ar livre:
- Pensar em uma estrutura de cobertura que abre e fecha é muito interessante, pois a empresa consegue garantir um espaço que pode ser utilizado inclusive em dias chuvosos. Caso contrário, o local poderá passar uma parte das horas úteis do ano inutilizado.
- Não é porque o espaço é ao ar livre que o mobiliário pode ficar em segundo plano. Ele precisa ter ergonomia, ser confortável e acima de tudo adequado para o cumprimento das atividades profissionais. Isso significa que o local não pode ser formado apenas por móveis para jardim. Ele precisa ser pensado estrategicamente, com peças que unem conforto, praticidade e design.
- O cuidado com a iluminação precisa existir. Quando os trabalhadores utilizam telas (sejam notebooks, tablets ou celulares), a iluminação natural intensa pode ser um fator complicador. Isso porque o reflexo da luz solar nessas telas e o contraste que surge podem dificultar e muito a visibilidade. Para isso, é preciso entender exatamente a posição do sol nesse espaço ao ar livre para que as mesas sejam dispostas de maneira a minimizar esse problema. Além disso, a empresa pode fornecer películas anti-reflexos que ajudam e há, também, a opção de oferecer cockpits desmontáveis que podem ser utilizados nas horas de maior luminosidade.
- As particularidades de um país continental também precisam ser bem pensadas. Nas cidades mais quentes e ensolaradas, esse espaço ao ar livre precisa de sombra. Nas mais frias, de formas de aquecimento. Tudo isso para, mais uma vez, garantir a utilização ao longo de todo o ano, evitando espaços ociosos por questões estruturais.
Agora, em segundo lugar, outro ponto que faz parte da grande realidade das empresas brasileiras: não há qualquer espaço ao ar livre no ambiente corporativo. Dá para garantir essa sensação de bem-estar mesmo em locais fechados? E a resposta é SIM!
Na ausência de uma área externa, pode ser feita uma repaginação em um espaço interno para dar a sensação de ambiente externo. Assim como na imagem abaixo. “Nosso cérebro acaba interpretando como se estivéssemos em contato real com a natureza e, assim, os efeitos benéficos são sentidos”, comenta Lisandra Mascotto, da RS Design. Para esses casos, também listamos quatro dicas úteis!
- A incorporação de murais verdes que avançam pelo teto ajuda a criar essa sensação de ambiente externo, além de climatizar o local. Nesses casos, é sempre melhor optar por vegetação natural.
- Apostar em cores naturais como verdes e tons terrosos é fundamental para quebrar o clima artificial e garantir essa sensação de proximidade com a natureza.
- Na hora de escolher o mobiliário, vale a pena optar por revestimentos mais orgânicos, ou seja, madeiras brutas, tecidos de linhos e paredes de pedra, por exemplo.
- Sempre que possível, escolha montar esse espaço em um local onde há entrada de iluminação e ventilação naturais. Quando menos artificialidades como lâmpadas em excesso e ar condicionado melhor!
Essa tendência de trabalhar ao ar livre ou em ambientes que simulem o contato com a natureza vem sendo desenhada nos últimos anos e já foi tema, inclusive, de algumas publicações internacionais. Uma delas menciona que esses escritórios que oferecem esses espaços são ainda mais valorizados, ou seja, mesmo que exista um investimento nessa estrutura, ele é recuperado no custo do aluguel.
Para as empresas com suas salas próprias, o investimento vem de forma indireta: pela motivação e produtividade das equipes que ganham em bem-estar e em saúde ao poder passar parte da jornada de trabalho ao ar livre.