Arquitetura inclusiva é arquitetura humanitária

Humanização

Portrait of business executive in meeting

Segundo o dicionário Michaelis, acessibilidade é a facilidade de acesso, a qualidade do que é acessível, que permite aproximação. Mas podemos ir mais a fundo do que uma simples nomenclatura. Quando pensamos em acessibilidade no ambiente corporativo, estamos falando sobre algo muito maior do que o acesso propriamente dito.

Quando enfatizamos que as empresas precisam pensar seus projetos arquitetônicos para incluir todo tido de profissional, queremos garantir que qualquer pessoa tenha condições de se tornar economicamente ativa sem esbarrar em limitações do espaço físico.

Conviver com uma deficiência ou mesmo com mobilidade reduzida é um desafio diário em cidades que não são totalmente planejadas. No Brasil, 23,9% da população tem algum tipo de dificuldade de locomoção segundo dados do Censo 2010. Isso significa que temos em média 45 milhões de pessoas que sentem-se desbravando uma selva de pedras ao sair de casa e se deparar com calçadas inapropriadas – e até mesmo inexistentes –;transporte público que limita e impede o deslocamento; e situações que são tão amplas e que mesmo assim passam desapercebidas por muitos de nós.

A humanização, que tanto incentivamos, também está em garantir o direito de toda e qualquer pessoa circular pelos espaços públicos e privados. Direito esse que devido à uma certa falta de empatia geral, as vezes precisa se tornar uma obrigação. Tanto que na década de 1990 foi criada a lei nº 8.213 (conhecida como Lei de Cotas) que obriga as empresas com mais de 100 funcionários a preencher de 2% a 5% das vagas com reabilitados ou pessoas com deficiência.

Na arquitetura, as normas responsáveis por guiar projetos e garantir a acessibilidade são a NBR 9050, da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas); e as leis nº 10.048 e 10.098 que foram regulamentadas pelo decreto nº 5.296.

Em meados de julho, o setor comemorou mais uma vitória. Por meio do decreto nº 9.451 os novos empreendimentos residenciais brasileiros passaram a ser obrigados a incorporar recursos de acessibilidade em toda a área comum.

Para criar um projeto acessível que recebe de forma igualitária todos os cidadãos dentro de um ambiente corporativo, é preciso estar atento principalmente a alguns pontos:

  1. Dimensão – Espaço é importante. Amplitude também. Corredores estreitos com portas menores do que o padrão estipulado, impedem a circulação de cadeiras de roda, por exemplo, que necessitam de no mínimo 80cm de vão e 1,50 m de diâmetro para a manobra 360 graus. A medida mínima deve sempre partir de 90cm de largura por 2,10 m de altura. E aqui vemos que não se trata apenas de garantir conforto a pessoas com mobilidade reduzida, mas já pensou que existem pessoas com mais de 2 metros de altura (LeBron James, um dos destaques do basquete atual, tem 2,03m e pesa 113 kg).
  2. Desníveis – Irregularidades no piso são um grande entrave. Eliminar pequenos degraus é fator chave para evitar, inclusive, acidentes. Em um espaço com circulação de idosos, pequenos degraus se transformam em perigo constante. E apenas tirar o degrau e inserir, em seu lugar, uma pequena rampa que também não segue as recomendações, não é positivo.
  3. Segurança – O caminhar precisa ser seguro para todos e não é novidade que pisos devem ser prioritariamente antiderrapantes. Por mais que pedras sejam esteticamente bonitas, é preciso avaliar a funcionalidade. Em um dia de chuva, no qual as pessoas chegam apressadas ao trabalho com os pés molhados, é interessante que haja um acesso com piso escorregadio? Qual a chance dessa escolha resultar em acidentes? E quando o usuário do espaço é deficiente visual? Como ele conseguirá se locomover em um piso totalmente liso e que constantemente pode estar molhado? A aplicação de tapetes também precisa ser muito bem planejada para evitar que pontas soltas tornem-se impeditivos ou mesmo motivadores de acidentes.
  4. Mobiliário – Mesas de trabalho e para refeições dentro do ambiente corporativo também devem ser pensadas para quem utiliza cadeiras de rodas. Ou, ao menos, 5% delas devem estar adaptadas. Isso significa garantir uma altura entre 75 cm e 85 cm e um avanço possível de até 50cm. É o conforto de um profissional totalmente capaz de exercer suas funções e que (temporariamente ou definitivamente) está limitado ao uso da cadeira. Como resultado deste investimento, há também o aumento da produtividade do time.

Selo de Acessibilidade Arquitetônico

A SMPED (Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo) imprime o Selo de Acessibilidade Arquitetônico desde 2011, sendo que escolas, templos religiosos, restaurantes, bancos e centros culturais já foram contemplados. Para a concessão, são utilizados critérios baseados na Norma Brasileira de Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos Urbanos (ABNT NBR 9050). Após a solicitação, que deve ser feita diretamente à secretaria, arquitetos e engenheiros do órgão fazem uma vistoria para assegurar o cumprimento das normas. Mais informações podem ser obtidas AQUI.

Como foi desenhada a acessibilidade na arquitetura

Tendo como ponto de partida o Homem Padrão (que trazia as proporções básicas do corpo humano), foi criado, nos EUA, o Desenho Universal, projeto que define ambientes, serviços, programas e tecnologias que podem ser utilizados de forma totalmente segura por todas as pessoas sem qualquer necessidade de investimento em adaptações. O Desenho Universal segue sete princípios básicos que você pode conferir no infográfico abaixo.

Diversos órgãos públicos oferecem cursos de especialização em Desenho Universal e há uma vasta literatura disponível na Internet para quem quer entender mais a respeito da importância da arquitetura para a garantia dos direitos da pessoa com deficiência. Vale a pena separar algumas horas para se dedicar a esse assunto.

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